Entrar numa sala onde se é a única mulher pode ser enervante, especialmente para jovens profissionais. Quer se trate da sua primeira reunião de equipa, de uma hackathon universitária, de um projeto de grupo em que é a única mulher ou de um estágio num escritório de uma empresa em que a maioria dos decisores são homens, a sensação pode instalar-se: “Será que o meu lugar é mesmo aqui?”
Vamos esclarecer isto agora mesmo – o seu lugar é mesmo aqui. Não só pertence, como a sua perspetiva, presença e contribuições são mais necessárias do que nunca.
Mas a realidade é esta: os ambientes dominados por homens podem ser difíceis. Têm regras não ditas, dinâmicas desconhecidas e, muitas vezes, preconceitos subtis (ou não tão subtis). Pode ser mais interrompido, ignorado em reuniões ou ser-lhe pedido que “prove” mais do que aos seus colegas homens. Poderá ouvir uma piada que pisa o risco ou sentir que as suas ideias não são levadas a sério até que outra pessoa – muitas vezes um homem – as repita.
Então, como é que se pode navegar por tudo isto e prosperar?
- Assuma as suas conquistas – em voz alta
A investigação mostra que as mulheres tendem a subestimar as suas capacidades, enquanto os homens tendem a sobrestimar as suas. Este facto pode criar uma lacuna de credibilidade invisível. Em espaços dominados por homens, onde a auto-promoção é muitas vezes confundida com competência, ficar calado sobre o seu sucesso não é humildade – é uma oportunidade perdida.
Mantenha um registo das suas vitórias – projectos entregues, desafios resolvidos, feedback recebido – e fale sobre elas com confiança. Prepare o seu “resumo” para reuniões, avaliações ou mesmo conversas casuais em que possa ser importante. Se alguém elogiar o seu trabalho, resista ao impulso de desviar a atenção. Tente: “Obrigado, trabalhei muito para isso”. Simples. Assertivo. Verdadeiro.
💬 2. Descodifique a cultura, mas não se perca
Cada sector e local de trabalho tem a sua própria linguagem e humor. Na tecnologia, por exemplo, as piadas de humor negro ou sarcástico são frequentemente utilizadas como ferramentas de ligação. Nas finanças, a competitividade pode ser uma forma de respeito. Compreender estas dinâmicas ajuda-o a envolver-se mais eficazmente, mas não significa que tenha de as imitar.
Encontre o seu equilíbrio: aceite as sugestões culturais quando estas lhe forem úteis, mas não comprometa a sua autenticidade. Se uma piada passar dos limites, não faz mal levantar uma sobrancelha ou pedir um esclarecimento. Muitas vezes, o desconforto não vem da malícia, mas de perspectivas desalinhadas. Dito isto, se a linha for ultrapassada com demasiada frequência, não é o utilizador que tem de se adaptar. A cultura é que tem de evoluir.
- Dominar a mentalidade: a resiliência em vez da perfeição
Muitas mulheres, especialmente em áreas de alto desempenho, sentem uma pressão invisível para serem sempre excepcionais – como se qualquer erro confirmasse o estereótipo de que não pertencem a esse grupo. Isso é cansativo e, francamente, injusto.
Em vez de procurar a perfeição, procure o progresso. Adopte uma mentalidade de crescimento: reconheça os desafios, procure feedback e recupere com mais força após os contratempos. Não está apenas a sobreviver a estes ambientes – está a aprender a liderar dentro deles.
Dica profissional: quando receber críticas (e vai recebê-las), não entre em espiral. Pergunte a si próprio: “O que é que isto tem de útil?” Pegue no que o ajuda a crescer. Deixe o resto para trás.
- Construa o seu círculo (mesmo que seja fora da sala)
Ser o “único” não significa estar sozinho. Procure mentores, aliados e colegas – mesmo entre disciplinas ou comunidades online. Estas ligações podem ajudá-lo a processar experiências, validar as suas frustrações e recordar-lhe que o seu caminho não é apenas possível – é essencial.
A tutoria não tem de ser formal. Pode consistir em enviar uma mensagem de texto a um amigo depois de uma reunião difícil, enviar uma mensagem de texto a alguém no LinkedIn a pedir conselhos ou ouvir um podcast de mulheres que já passaram por isso. Rodeie-se – digitalmente ou na vida real – de pessoas que o ajudem a crescer.
- Fale – mesmo que a sua voz trema
Quando alguém rejeita a sua ideia, o interrompe ou faz um comentário sexista subtil, pode parecer mais seguro ficar calado. Mas o silêncio não protege o seu poder – dilui-o.
Isso não significa que tenha de partir para a ofensiva. Comece com uma pergunta: “Pode ajudar-me a perceber porque é que vê as coisas dessa forma?” ou ”Diria a mesma coisa se fosse um homem a propô-la?” Respostas calmas e confiantes podem desafiar preconceitos sem aumentar o conflito – e mostram aos outros que não tem medo de falar.
E quando alguém tenta reduzir os seus feitos ao seu género? Canalize a sua Michelle interior: “Na verdade, é porque sou incrivelmente qualificada – e tenho os resultados para o provar.”
Fazer ou não fazer?
Não tem de se tornar “um dos rapazes” para ter sucesso no mundo deles. Pode ser você mesmo – e ainda assim liderar, inovar e mudar o jogo. Há espaço para a sua perspetiva, o seu talento, a sua liderança.
Mais do que isso, a sua decisão de entrar numa área dominada pelos homens não abre apenas portas para a sua própria carreira – também ajuda a preparar o caminho para que outras mulheres sigam as suas pisadas e muda a forma como a área é vista para as gerações vindouras.