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Redefinindo a liderança: mulheres jovens liderando a mudança nas transições verde e digital

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1. Introdução – Uma Nova era Para a Liderança

No mundo em rápida evolução de hoje, as transições ecológicas e digitais estão a remodelar as economias, as sociedades e a forma como trabalhamos. Da inovação climática e energia limpa à inteligência artificial e cibersegurança, estas transformações não são apenas tecnológicas, são humanas. E exigem uma liderança diversificada, inclusiva e com visão de futuro.

No entanto, apesar do seu potencial, as mulheres jovens continuam sub-representadas na definição destas transições vitais. De acordo com o Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE), as mulheres representam apenas 19% dos especialistas em TIC e apenas 32% dos licenciados em áreas STEM em toda a UE. Nos setores verdes, como a energia e as ciências ambientais, as mulheres são igualmente marginalizadas nas funções de tomada de decisão (EIGE, 2023).

Hoje em dia, a liderança já não se resume a títulos, mas sim à visão, coragem e capacidade de inspirar a mudança. Em toda a Europa, as jovens estão a provar que são pioneiras: lançam startups sustentáveis, desenvolvem IA para impacto social e defendem políticas climáticas éticas. No entanto, as suas vozes continuam muitas vezes por ouvir, os seus esforços são subvalorizados e o seu potencial de liderança continua por explorar.

Comissão Europeia, Estratégia para a Igualdade de Género 2020–20251

O projeto 4equality procura mudar isso. Ao dotar as jovens de ferramentas práticas, estratégias de autodesenvolvimento e apoio de mentoria, o projeto capacita-as para assumirem com confiança funções de liderança, especialmente em áreas tradicionalmente dominadas pelos homens. Este artigo explora por que razão esta mudança é importante e como todos podemos contribuir para um futuro em que as jovens liderem a transformação da Europa — verde, digital e inclusiva.

2. Liderar a Mudança: Por Que Razão as Jovens Têm Um Lugar na Sustentabilidade e na Tecnologia

O mundo está a mudar rapidamente. Ação climática, empregos verdes, inteligência artificial, cidades inteligentes — estas já não são ideias para o futuro, estão a moldar as nossas vidas neste momento. E no centro desta mudança, precisamos de líderes que pensem de forma diferente. Precisamos de jovens mulheres.

As jovens têm a criatividade, a empatia e a motivação para liderar as transições verde e digital da Europa. Mas, muitas vezes, esses papéis de liderança ainda são atribuídos a outras pessoas. Na verdade, apenas 1 em cada 5 especialistas em TIC na Europa é mulher, e a maioria dos cargos de tomada de decisão nos setores de sustentabilidade ainda é dominada por homens (Eurostat, 2023)2. Isso não ocorre porque as mulheres não têm competências ou ambição, mas porque enfrentam barreiras invisíveis: expectativas ultrapassadas, menos mentores e sistemas que não foram criados a pensar nelas.

Mas a verdade é esta: uma liderança diversificada torna tudo mais forte. Quando as mulheres fazem parte da conversa, as soluções são mais criativas, as empresas são mais bem-sucedidas e as comunidades estão mais bem preparadas para os desafios que se avizinham. Um estudo da McKinsey mostra que as equipas com maior diversidade de género não só são mais inovadoras, como também mais rentáveis. E no domínio do clima, as mulheres líderes são mais propensas a promover ações significativas e de longo prazo.

Ainda assim, assumir a liderança nem sempre é fácil. Muitas jovens sentem a pressão da ecoansiedade — preocupam-se com o planeta e sentem que a sua voz não fará diferença. Outras enfrentam uma lacuna de competências, porque as oportunidades de aprendizagem ecológica e tecnológica muitas vezes não são concebidas a pensar nas raparigas. E até as ferramentas digitais podem funcionar contra elas — preconceitos nos algoritmos e na cultura tecnológica podem tornar mais difícil sentir que se pertence.

É aí que entram os profissionais que trabalham com jovens. Professores, mentores, formadores e treinadores têm o poder de abrir portas — de criar espaço para que as jovens se expressem, experimentem coisas novas e se imaginem como líderes. E é aí que entra também o projeto 4equality. Ele oferece ferramentas, apoio de mentoria e formação profissional para ajudar as jovens não apenas a participar da mudança, mas a liderá-la.

Portanto, se és uma jovem mulher a ler isto: a tua voz é importante. As tuas ideias têm lugar em laboratórios, startups, salas de aula e câmaras municipais. E se és um profissional que trabalha com jovens: podes ser a razão pela qual uma rapariga entra no seu futuro com confiança.

Porque quando as jovens lideram, todos ganham.

3. Quebrando o Molde: Histórias de Jovens Pioneiras

Por trás de cada inovação há uma faísca — e, em toda a Europa, cada vez mais faíscas estão a ser acesas por jovens mulheres que ousam liderar. Elas estão a programar soluções climáticas, a lançar startups ecológicas, a criar ferramentas éticas de IA e a causar impacto em setores onde suas vozes antes mal eram ouvidas.

Vamos conhecer algumas dessas pioneiras — reais ou inspiradas em histórias reais — que mostram o que é possível quando o talento encontra apoio.

Nikoleta, 25 anos — A projetar um futuro energético justo

De Plovdiv, na Bulgária, Nikoleta é engenheira mecânica e trabalha em sistemas de armazenamento de energia renovável. No último ano da universidade, reparou que havia poucas mulheres nas suas aulas — e ainda menos eram incentivadas a participar em estágios na indústria. Depois de um programa de verão no estrangeiro, regressou determinada a mudar isso. Hoje, é voluntária em escolas locais, ensinando meninas sobre energia limpa e carreiras em engenharia.

“Não se trata apenas de ser a única mulher na sala. Trata-se de garantir que não serei a última. É isso que me motiva.”

💡 Anna, 24 anos – IA para um ar mais limpo

De Cracóvia, na Polónia, Anna combinou o seu amor pela programação com a sua preocupação com a poluição atmosférica. Ela criou uma aplicação móvel baseada em IA que monitoriza os níveis de poluição e recomenda rotas seguras para peões e ciclistas. O que começou como um projeto estudantil agora é apoiado por uma incubadora local de tecnologia verde.

«Eu costumava sentir que a tecnologia não era para mim. Agora sou mentora de raparigas do ensino secundário que estão a criar as suas próprias aplicações. É assim que a mudança se multiplica.”

🌱 Leila, 22 anos – Agricultura urbana para um futuro mais verde

Em Lisboa, Portugal, Leila cofundou uma cooperativa juvenil que transforma telhados não utilizados em hortas urbanas utilizando tecnologia IoT. No início, não tinha qualquer formação técnica, mas aprendeu através de cursos online e do apoio de um centro juvenil dedicado às competências digitais.

“Queria cultivar alimentos e cultivar esperança. Aprender tecnologia não foi fácil, mas tinha pessoas que acreditavam em mim. Agora acredito em mim mesma.”

🔐 Daria, 23 – Cibersegurança para o bem social

Daria, da Roménia, entrou no mundo dominado pelos homens da cibersegurança através de um projeto de inclusão digital. Agora, ela treina outras jovens em segurança online, especialmente aquelas de áreas rurais ou comunidades marginalizadas.

«Liderança nem sempre significa ser barulhento. Às vezes, é aparecer, manter a curiosidade e ajudar os outros a encontrar a sua força.”

Estas histórias têm um traço comum: coragem, apoio e o poder da possibilidade. Cada jovem teve uma ideia, enfrentou dúvidas, mas encontrou um caminho a seguir — muitas vezes graças a um mentor, um animador juvenil ou um projeto como o 4equality, que lhe abriu uma porta.

Para os animadores juvenis, estes exemplos são ferramentas poderosas. Partilhar histórias reais ajuda as raparigas a ver o que é possível e a sentir-se menos sozinhas. Convidar oradores, organizar «palestras com modelos a seguir» locais ou mesmo apresentar mulheres líderes europeias em boletins informativos ou workshops pode plantar a semente da crença.

Porque, quando uma jovem vê alguém como ela a liderar a mudança, começa a acreditar:
«Eu também sou capaz.»

4. Barreiras que Enfrentam — e Ferramentas Para as Superar

Mesmo quando as jovens têm paixão, ideias e competências para liderar na sustentabilidade e na tecnologia, muitas vezes deparam-se com barreiras que as impedem de avançar. Estas barreiras nem sempre são visíveis, mas são reais e estão em todo o lado: nas salas de aula, nos anúncios de emprego, nos algoritmos e, por vezes, até na insegurança.

Vejamos alguns dos desafios mais comuns e como podemos ultrapassá-los.

🚧 Barreira 1: Estereótipos que ainda persistem

“Você é muito sensível para engenharia.”

“As raparigas não são lógicas o suficiente para programação.”

“Você deveria tentar algo mais fácil.”

Soa familiar? Essas crenças ultrapassadas ainda moldam a forma como as raparigas e as mulheres são tratadas — e a forma como elas às vezes se veem. É difícil imaginar-se a liderar em tecnologia ou inovação climática quando lhe dizem, direta ou indiretamente, que não pertence a esse mundo.

O que ajuda: Exposição a modelos a seguir, formação sobre preconceitos de género nas escolas e jovens trabalhadores que desafiam ativamente esses estereótipos nas conversas do dia a dia.

🧠 Barreira 2: Falta de confiança e medo do fracasso

Muitas jovens não se veem como «líderes», especialmente em áreas dominadas por homens. Mesmo com notas excelentes ou ideias fortes, elas hesitam em se expressar ou se candidatar a oportunidades, com medo de não serem boas o suficiente.

O que ajuda: Espaços seguros para experimentar e falhar. Mentoria. Workshops de liderança que se concentram na comunicação, autoconsciência e coragem — não apenas em competências técnicas.

📉 Barreira 3: A lacuna nas competências ecológicas e digitais

O futuro é verde e digital — mas muitas jovens não se sentem preparadas. Porquê? Porque os programas de formação, os percursos STEM e as carreiras digitais são frequentemente concebidos sem ter em conta as raparigas. E quando elas entram, muitas vezes sentem-se isoladas ou sem apoio.

O que ajuda: Ambientes de aprendizagem inclusivos, literacia digital direcionada e formação em competências verdes, e currículos que mostram como a tecnologia e a sustentabilidade podem ser ferramentas para o bem social — e não apenas campos técnicos.

💻 Barreira 4: Preconceito incorporado no sistema

Desde algoritmos de contratação que favorecem currículos com características masculinas até ferramentas tecnológicas que ignoram as necessidades das mulheres, o preconceito digital está em toda a parte. Isso torna mais difícil para as jovens entrarem, permanecerem e prosperarem nas indústrias digitais.

O que ajuda: Projetos como o 4equality, que ensinam as jovens a reconhecer o preconceito e a combatê-lo. Além disso, é fundamental formar jovens profissionais para apoiar o pensamento crítico e os direitos digitais.

🔧 O poder das ferramentas que funcionam para si

É aqui que entra o 4equality — para ajudar as jovens a passar da consciencialização à ação. O projeto oferece:

  • 🧭 Ferramentas de autodesenvolvimento para construir força interior e clareza
  • 🛠️ Formação prática online sobre como lidar com o preconceito de género no trabalho
  • 👥 Recursos de mentoria online para jovens profissionais apoiarem as jovens de forma mais eficaz

Quando as ferramentas são concebidas para si e consi, não se limitam a ensinar competências — elas libertam o potencial.

Quer seja uma jovem mulher que procura liderar ou um profissional que trabalha com jovens e os orienta: não está sozinha. As barreiras são reais, mas as soluções também. E o primeiro passo é saber que a sua voz, as suas ideias e a sua liderança são necessárias — agora mesmo.

5. Da Consciencialização à Ação — Como Podemos Capacitar a Próxima Geração

A consciencialização é apenas o começo. Depois de compreendermos as barreiras que as jovens enfrentam nos setores verde e digital, o próximo passo é perguntar: o que podemos fazer a respeito? Como passamos do reconhecimento do problema para a mudança real do sistema e para a construção da confiança da próxima geração de líderes?

A resposta está na parceria. A mudança real acontece quando jovens, profissionais que trabalham com jovens, educadores e comunidades trabalham juntos para criar oportunidades visíveis, acessíveis e empoderadoras.

🔁 Para mulheres jovens: vocês fazem parte da solução

Se és uma mulher jovem e não sabes por onde começar, a verdade é que já estás no caminho certo. A tua curiosidade, as tuas perguntas, a tua vontade de tentar — é aí que começa a liderança.

✅ Dá pequenos passos: participa numa iniciativa local de STEM ou climática. Dá a tua opinião na aula. Inscreve-te naquele programa, mesmo que não cumpra todos os requisitos. Não precisa de ser perfeita — basta estar disposta.

✅ Procure apoio: entre em contacto com mentores, participe em comunidades online, converse com outras raparigas que enfrentaram dúvidas semelhantes.

✅ Assuma a sua história: quer adore programar, organizar limpezas comunitárias ou construir com as suas mãos — há espaço para si. E a sua jornada é importante.

🤝 Para jovens trabalhadores: vocês tornam o caminho visível

Os profissionais que trabalham com jovens são a ponte entre o potencial e a oportunidade. O teu incentivo, as tuas perguntas e a tua presença podem mudar a forma como uma jovem se vê.

✅ Destaque modelos reais: mostre exemplos de mulheres que são líderes nos setores digital e verde, especialmente aquelas que refletem a origem dos jovens.

✅ Crie experiências inclusivas: certifique-se de que workshops, clubes e espaços de aprendizagem sejam acolhedores para todos. Preste atenção à sua linguagem, desafie suposições e incentive a participação.

✅ Use as ferramentas 4equality: O projeto oferece recursos prontos a usar, como módulos de mentoria eletrónica e guias de formação, que ajudam a apoiar as jovens de forma mais eficaz e sustentável.

 Dr. Hayat Sindi, cientista biomédico e Embaixador da Boa Vontade da UNESCO para a Ciência

🌍 Juntos, construímos um futuro mais justo

Empoderar as jovens não se resume à igualdade de género — trata-se de construir uma Europa mais inteligente, mais verde e mais justa. Trata-se de resolver problemas com todos à mesa. E isso começa com ações diárias: as conversas que temos, as oportunidades que abrimos e as vozes que escolhemos ouvir.

Quer esteja a liderar ou a orientar, a falar ou a ouvir, está a moldar o futuro.

E esse futuro começa consigo.

6. Conclusão – Moldar o Amanhã, Hoje

As transições ecológica e digital não se resumem a tecnologia ou políticas — elas dizem respeito às pessoas, especialmente às jovens mulheres prontas para liderar.

Com coragem, criatividade e conexão, as jovens mulheres em toda a Europa já estão impulsionando a mudança. Mas elas não devem fazer isso sozinhas. Com o apoio certo — de jovens profissionais, educadores e programas como o 4equality — elas podem passar do potencial à liderança.

O futuro precisa da sua voz.

É hora de agir.

E a liderança começa exatamente onde estás.

Recursos Complementares

Podes encontrar mais «histórias de jovens pioneiras» em tecnologia e inovação verde em toda a Europa nestes sites:

🌐 Women TechEU – Startups de tecnologia profunda lideradas por mulheres

🔗 (https://datahub.womentecheurope.eu/participants)

🌿 WE‑RISE – Mulheres Empreendedoras em Tecnologias Verdes e Agrícolas

🔗 (https://circulareconomy.europa.eu/platform/en/news-and-events/all-news/we-rise-empowering-underrepresented-female-entrepreneurs-greentech-agritech-and-climate-tech)

💡 #GirlsinD4D – Jovens mulheres no setor digital para o desenvolvimento

🔗 (https://capacity4dev.europa.eu/news/girlsind4d-new-campaign-puts-spotlight-young-female-trailblazers-digital-development-field_en)

🤖 EIT RawMaterials – Aumento do número de jovens mulheres na robótica verde

🔗 (https://eitrawmaterials.eu/press-releases/pioneering-stem-initiative-achieves-100-surge-young-womens-participation)

🌱 Storm4 – 5 startups de tecnologia verde lideradas por mulheres na Europa

🔗 (https://storm4.com/resources/industry-insights/5-women-led-greentechs-in-europe

Bibliografia:

  1. https://ec.europa.eu/info/policies/justice-and-fundamental-rights/gender-equality/gender-equality-strategy_en
  2. 📌 Especialistas em TIC no emprego
    Encontre informações detalhadas sobre a proporção de mulheres entre os especialistas em TIC na UE:
    👉 Eurostat: Especialistas em TIC no emprego

📌 Licenciados em STEM por género
Explore os dados do Eurostat sobre mulheres licenciadas em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática):
👉 Notícias do Eurostat: As mulheres representam 32,8 % dos licenciados em STEM em 2021